Brexit e a indústria de máquinas.
A saída do Reino Unido da União Europeia é uma grande dor de cabeça para os fabricantes de máquinas-ferramenta que tem unidades fabris no Reino Unido.
O recente Episódio da Brexit – a saída (exit) do Reino Unido da União Europeia (EU) – decisão tomada em plebiscito no último dia 23 de junho de 2016, com votação apertada (51,9% pela saída e 48,1% pela permanência) – tem repercussões em todas as esferas. No Setor das máquinas-ferramenta, os reflexos podem ser grandes e preocupam as multinacionais, especialmente aquelas que mantém unidades produtivas no Reino Unido. Várias empresas de Capital alemão e de Capital japonês já externaram seus pontos de vista.
No caso da Alemanha, a poderosa Associação Alemã das fabricantes de Máquinas Ferramentas divulgou um comunicado para externar sua preocupação. “A decisão dos britânicos de deixar a União Europeia é um sinal de alarme. A Europa, como uma base Industrial vai perder muito da confiança dos investidores, como resultado do Brexit. Não demorará muito para vermos uma redução notável nas nossas exportações de máquinas para Grã-Bretanha. É totalmente incerto o que isso significa para os negócios com as subsidiárias do Reino Unido. A União Europeia deve conter os estragos e acabar com a fase de incertezas o mais rápido possível“, diz. A preocupação das empresas alemãs é fácil de ser entendida. O Reino Unido é o terceiro maior destino de exportações alemãs, depois de Estados Unidos e Franca, de acordo com o Destatis, escritório de estatísticas da Alemanha.
O Reino Unido é também o segundo principal alvo dos investimentos diretos estrangeiros realizados pela Alemanha. Para as companhias alemãs do ramo de engenharia mecânica, o Reino Unido é o quarto maior destino de exportações, com vendas de 6,8 milhões de euros em 2015.
PARA O BRASIL, BREXIT PODE SER FAVORÁVEL.
“É muito provável que o Brasil faça um acordo de livre comércio com o Reino Unido, já que ele não é mais membro da União Europeia. Como ele certamente têm uma posição mais liberal que o bloco, o Brasil não precisaria ter cotas de carne e açúcar, poderia exportar o quanto quiser“. A afirmação do consultor Roberto Giannetti da Fonseca, presidente do Conselho Empresarial da América Latina Capítulo Brasil (Ceal) e da Kaduna Consultoria e Participações, revela perspectivas otimistas para o Brasil diante da saída dos ingleses da União Europeia – fenômeno conhecido como `Brexit`.
Giannetti foi um dos painelistas do evento “O que o Brexit significa para o Mundo ( e Brasil)?“, realizado pela Amcham-São Paulo no dia 6 de julho. Além de Giannetti, o encontro teve participação de Wasim Mir, encarregado de negócios da Embaixada Britânica no Brasil, dos acadêmicos José Augusto Fontoura Costa (USP), Marcus Vinicius de Freitas (FAAP) e Otto Nogami (Insper) e a mediação do co-diretor do Laboratório BRICs da Universidade de Columbia, Marcos Troyjo.
“O Reino Unido vai deixar o Brasil exportar o quanto quiser (de carne açúcar), pois não há concorrências desses produtos lá. Eles são a quinta economia do mundo, tem população e volume de consumo importante. Hoje o comércio do Brasil com os ingleses é de um 1,5% do total das exportações. É pouco significativo, mas a oportunidade de crescer é alta, podendo passar para 3% a 5% e vice-versa“, acrescenta Giannetti.
Para o Brasil, os pontos fortes do comércio bilateral com o Reino Unido estão em segurança alimentar e meio ambiente. “Em relação a esses dois pontos, somos dominantes no mundo. Podemos receber capital britânico em projetos de engenharia genética, biotecnologia e alimentos”, exemplifica o consultor.
Quanto ao meio ambiente, o Brasil é detentor de grandes recursos naturais e hídricos que também poderiam ser explorados conjuntamente. “Temos 12% da água potável do mundo. A água é um recurso que vai se tornar cada vez mais decisivo.” O potencial de negócios em meio ambiente está criando uma nova expressão, de acordo com Fonseca. “O econegócio está sucedendo o agronegócio. Temos como tirar proveito disso de forma sustentável e os ingleses podem ajudar nisso.”
A saída do Reino Unido da Comunidade Europeia trará mais oportunidades de negócios, uma vez que a parceria bilateral é mais antiga que a União Europeia, “que começou em 1993”, de acordo com Mir. “Há trezentas empresas britânicas no Brasil e cem companhias brasileiras em meu país. Não espero que haja mudanças.”